Munidos com cartazes com frases pedindo segurança e justiça, pais de alunos da Escola Municipal Maria Nascimento Giacomazzi, em Estação, no norte do Estado, reuniram-se em frente à instituição no início da tarde desta quarta-feira (9). Os familiares relatam que mais crianças — além do menino morto e das duas garotas que foram hospitalizadas — teriam sido feridas durante o ataque, com menor gravidade.
Mãe de um menino de oito anos, Michele Giacomazzi, 43 anos, ficou sabendo por mensagem de uma amiga da filha que algo acontecia na escola onde o garoto estuda no 3º ano do Ensino Fundamental. O relato inicial era de disparos de arma de fogo dentro da instituição.

— Cheguei aqui e não achava ele em lugar nenhum. Falaram que ele estava no posto de saúde, corri para lá e não estava. Falaram que estava na vizinha que tinha acolhido as crianças, e também não estava — recorda.
Michele se desesperou ao saber que a turma atacada a golpes de facão era a mesma do filho. Foi quando alguém disse que parte dos alunos teria corrido para a casa da mãe de uma professora. Michele reencontrou o filho, junto de dezenas de outras crianças, dentro da garagem da residência.

Ao lado da mãe, durante o protesto, segurando um cartaz com a frase “luto por Vitor André”, o menino enxugava as lágrimas. Segundo a mãe, antes de ingressar na sala do 3º ano, o autor do ataque entrou na turma do 5º ano, onde outras crianças teriam sido feridas com menor gravidade. Elas não chegaram a ser hospitalizadas.
— Ele viu do corredor porque ele senta na primeira classe e a porta estava aberta. Ele viu o primeiro ataque da 5ª série. Ele passou com o facão para o alto, ao lado dele. Eles se abaixaram, ele passou por eles, e eles saíram correndo — relata a mãe.
O menino saiu correndo pela rua com um lápis na mão. Sua intenção era ir para casa, mas não está acostumado a fazer o trajeto sozinho. Na fuga, caiu no chão e machucou os joelhos e um dos cotovelos.

Como eu vou mandar meu filho de novo para a escola? Eles querem reabrir a escola. A gente busca justiça, a gente busca segurança. Não vou mandar meu filho até ele querer voltar, nem ele quer voltar. É um trauma.
MICHELE GIACOMAZZI
MÃE DE ALUNO DO 3º ANO
Não foram apenas três crianças
Bruna Calgaro Rogelin, 31 anos, mãe de outro menino do 3º ano, que estava na mesma turma atacada, foi uma das primeiras ao chegar ao local do protesto e pediu que a escola tenha melhorias na segurança antes da retomada das aulas. Segundo a mãe, outras crianças também tiveram ferimentos durante o ataque.
— Não foram apenas três crianças machucadas. Foram muito mais crianças, que saíram daqui gritando, pedindo socorro.
As crianças estão em casa em pânico, chorando. Escutam um barulho e elas choram. Eles estão colocando um pano morno em cima de uma situação muito mais grave.
BRUNA CALGARO ROGELIN
MÃE DE ALUNO DO 3º ANO

Segundo a mãe, o filho está em estado de choque após o ataque. Bruna relembrou a ação da professora de 34 anos e do monitor que ajudaram a salvar as crianças.
— Se não fosse por eles, poderia ter sido muito pior. Estamos aqui para pedir segurança e justiça por todos, pelo Vitor. Poderia ser o meu filho. Poderia ser o filho de qualquer uma aqui. Não existe fatalidade. Meu filho escuta um barulho e chora. Ele se desespera “mãe, ele tá vindo”. Ele não é louco, ele planejou o que ele fez. Ele nem se arrependeu. É isso que revolta.
Ao fim do protesto, os pais rezaram uma oração de mãos dadas e fizeram um minuto de silêncio.