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Policiais são orientados a disparar na região do tórax em situação de confronto, diz delegado

04/07/2025 às 11h15
Por: Depto de Jornalismo . Fonte: BEI
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Valdemar Both foi morto na terça-feira, 1º de julho. Foto: Reprodução/Montagem RD Foco
Valdemar Both foi morto na terça-feira, 1º de julho. Foto: Reprodução/Montagem RD Foco

A morte de Valdemar Both, 54 anos, em uma abordagem da Patrulha Ambiental da Brigada Militar (Patram), gerou dúvidas sobre a conduta dos policiais envolvidos na abordagem. O agricultor morreu após ser atingido por disparos de arma de fogo, na tarde de terça-feira (1º), no distrito de Palma, em Santa Maria.

Segundo o delegado Adriano de Rossi, titular da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DPHPP), pelo menos dois tiros atingiram Both: um no peito, na região do coração, e outro no cotovelo. De acordo com a Brigada Militar, os policiais teriam disparado após serem surpreendidos por golpes de machado.

Instrução é atirar no “centro de massa”

O delegado regional de Santiago e instrutor de tiro da Polícia Civil, Guilherme Antunes, afirma que, em situações de confronto, o índice de acerto é de 20%, em comparação a situações sem estresse.

– Em razão disso, em momentos que o policial precise fazer uso da arma de fogo, a orientação é para que os disparos sejam efetuados no “centro de massa”, ou seja, no tórax, onde se tem maior chance de acerto – afirmou o instrutor de tiro.

Segundo Antunes, a depender da distância para o agressor, o policial ainda corre o risco de ser atingido, mesmo após o disparo de arma de fogo.

– Existe uma regra em relação à distância, a regra de Tueller, que fala que um indivíduo com uma arma branca, a uma distância de 21 pés, ou seja, quase sete metros do agente da lei, vai conseguir efetuar a agressão, mesmo após receber disparos de arma de fogo – explicou o especialista.

De acordo com o instrutor de tiro, isso, potencialmente, explica a quantidade de tiros disparados. Ele afirmou também que não há recomendação para neutralizar possíveis agressores com disparos em outros membros.

– Não se fala em efetuar disparo em outro membro (como pernas ou braços). Isso não faz parte dos protocolos da Polícia Civil e tenho quase absoluta certeza que não faz parte dos procedimentos dos policiais militares. Na situação de estresse, é praticamente impossível, mesmo policiais com extrema habilidade e treinamento não visam isso. Até para evitar danos colaterais, caso esse disparo erre e acerte alguém que nada tem a ver com a situação – acrescentou o instrutor.

Sobre o caso

Embora não tenha tido acesso ao laudo pericial, Antunes pontuou que, pelas imagens do ocorrido, é possível perceber que os policiais e o agricultor estavam bem próximos. Segundo o instrutor de tiro, o indicativo de que o suposto agressor teria utilizado um machado valida a legítima defesa alegada pela Brigada Militar.

– Para mim, está bem claro. Há a utilização de um instrumento letal, para repelir outro instrumento letal, e os disparos são condizentes com a busca de uma incapacitação imediata. A informação, de que esses disparos teriam atingido a zona do tórax do suposto agressor, está conforme os ensinamentos que a gente tem dentro da seara policial –  avaliou Antunes.

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