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“Amor, eu vou morrer?”: como a fé e a esposa Marília salvaram Lúcio, ex-Inter, após ter corpo incendiado

13/06/2025 às 16h12
Por: Depto de Jornalismo . Fonte: Gaúcha ZH
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Casal recebeu a reportagem nesta sexta-feira (13). Foto: Jefferson Botega / Agencia RB
Casal recebeu a reportagem nesta sexta-feira (13). Foto: Jefferson Botega / Agencia RB

Os curativos nos pés e as cicatrizes nas mãos, mesmo um mês depois do acidente que resultou em 18% do corpo queimado, mostram o tamanho do susto após um mau uso de uma lareira ecológica.

Ao mesmo tempo, o brilho no olhar e a quantidade de vezes que repete os nomes "Deus" e "Marília" demonstram a gratidão que o eterno zagueiro Lúcio, ex-Inter, titular na campanha do Penta da Seleção, tem por quem considera ter salvado sua vida. 

Em Porto Alegre, ainda em fase de recuperação, o craque de uma geração falou sobre os segundos que ressignificaram sua existência.

Susto após imprudência

Era uma confraternização entre amigos em uma casa em Brasília, uma imprudência do dono da residência resultou no acidente. Com o equipamento ainda quente, ele atirou um galão de álcool para reacender o fogo. A combustão foi instantânea, houve uma explosão. E quando Marília Forgiarni percebeu, seu marido estava com o corpo em chamas. Paralisado, Lúcio não teve nem sequer a reação de cair no chão. Um casal que estava próximo também ficou chamuscado.

— Corre para a piscina, amor! — gritou Marília, dentista de 29 anos.

Ida para o hospital

Ela conduziu Lúcio e o atirou na água. A temperatura do corpo resfriou e aliviou um pouco da dor, que até então acometiam as pernas e os braços do ex-zagueiro. Enquanto isso, Marília ligava para o SAMU e atendia os outros amigos que estavam feridos. Com um cobertor, apagou as chamas.

Lúcio saiu da piscina e Marília ligou para seu irmão, o médico anestesista Leonardo, em Porto Alegre, para pedir orientação. Não precisava esperar a ambulância. Se ele tinha condições, que entrasse no carro e fosse para o hospital.

Sem conhecer Brasília direito, Marília chegou ao atendimento ouvindo as orientações de Lúcio. Quando desceram do carro e o ex-jogador entrou na sala de atendimento, perguntou a ela:

— Amor, eu vou morrer?

— Ninguém vai morrer — ela respondeu, com menos convicção do que gostaria de ter.

Atendimento

O atendimento em Brasília foi importante, mas insuficiente. Ao primeiro sinal de possibilidade, os dois vieram para Porto Alegre. O tratamento no Hospital Nora Teixeira foi o que mudou a recuperação. Por sorte (ou Deus, por intermédio de Marília, como crê Lúcio), a exposição ao fogo foi pequena, ele não inalou fumaça, o que salvou seus órgãos.

Ainda assim, foram 15 dias de muita dor, 20 de internação até a alta, cuja caminhada para fora do hospital foi em um corredor de aplausos dos profissionais da saúde do sexto andar, como são conhecidos, sob as orientações do médico Leonardo Schein. Agora, o tratamento segue, com visitas a dermatologistas, fisioterapia, câmara hiperbárica e trocas de curativos.

Parceria infalível

Os dois cumprem tudo. Em dupla mesmo. O momento mais tenso na vida de Lúcio foi acompanhado de perto por Marília. Nos dois anos do relacionamento entre os dois, iniciado com uma conversa em um aniversário de um primo dela em Brasília seguido por frequentes trocas de mensagens por WhatsApp até ter o encrontro definitivo, o susto foi mais uma prova de amor e lealdade:

— Estou convencido de que ela é um anjo da guarda. Um instrumento de Deus para me salvar. Tive uma segunda chance, e a Marília está aqui para viver comigo — diz ele.

Esther Fischborn / Agência RBS

Lúcio, a esposa e a equipe médica que o tratou. Foto: Esther Fischborn / Agência RBS

Admiração recíproca

Ela não esconde a admiração pelo marido.

— Vi a força dele nesses dias. Se fosse eu a ter esse diagnóstico, essas dores, acho que só ia querer ficar deitada, recebendo remédio e dormindo. Ele dizia para o médico que tinha uma dor nota 6, na escala de 1 a 10, mas ainda assim saía para caminhar no corredor porque sabia o quanto era importante — conta Marília, sentada à mesa entre as caixas de uma mudança para Porto Alegre inesperada e apressada, mas necessária.

 

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