O chefe da Guarda Revolucionária do Irã, Hossein Salami, e o chefe das Forças Armadas do país, Mohammad Bagheri, morreram durante os ataques de Israel ao Irã entre a noite de quinta-feira (12) e a madrugada desta sexta-feira (13), afirmou a impressa iraniana.
Além dos líderes militares, seis cientistas nucleares morreram no ataque.
"Abdolhamid Minouchehr, Ahmadreza Zolfaghari, Amirhossein Feqhi, Motalleblizadeh, Mohammad Mehdi Tehranchi e Fereydoun Abbasi foram os cientistas nucleares martirizados no ataque de Israel", anunciou a agência de notícias Tasnim.
Quem era Hossein Salami?
Salami era uma das figuras mais poderosas do setor militar iraniano. Nome forte e próximo ao regime iraniano, o militar foi veterano da guerra Irã-Iraque dos anos 1980. Estudou gestão de defesa no Exército iraniano e, em 1997, já chegou a o cargo de chefe de operações da Guarda Revolucionária, e tinha voz no programa nuclear iraniano desde então.
Em 2006, o Conselho de Segurança da ONU impôs sanções contra ele por esse envolvimento no programa balístico.
O chefe da Guarda Revolucionária já declarou na televisão que o Irã tinha como estratégia varrer o regime sionista do mapa, uma referência a Israel. A morte dele pode representar uma escalada no conflito entre Israel e o Irã.
Quem era Mohammad Bagheri?
Mohammad Bagheri foi o principal líder militar do Irã, chefe do Estado-Maior das Forças Armadas desde 2016.
Internacionalmente, o IRGC é considerado uma organização terrorista por países como Estados Unidos, Arábia Saudita e Bahrein, devido ao seu envolvimento em atividades militares e apoio a grupos armados na região
Devido a seu papel militar e político, Bagheri foi sancionado por vários países, em 2019, como um dos líderes que "durante décadas oprimiram o povo iraniano, exportaram o terrorismo e avançaram com políticas desestabilizadoras em todo o mundo”, diz o documento do Tesouro dos EUA.
Ele também esteve envolvido no comando das operações e estratégias militares do Irã, incluindo o programa de mísseis balísticos e o apoio militar a aliados, como na Síria e na assistência à Rússia com drones na guerra na Ucrânia.
Os ataques
Israel realizou um ataque contra o Irã nesta sexta-feira (horário local, noite de quinta no Brasil). Explosões foram ouvidas nos arredores de Teerã, capital iraniana.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou que o ataque foi realizado em um momento "decisivo" na história do país. Ele se manifestou em pronunciamento gravado com antecedência e divulgado pouco após os ataques.
— Há alguns momentos, Israel lançou a Operação Leão em Ascensão, uma operação militar direcionada para conter a ameaça iraniana à sobrevivência de Israel. Essa operação continuará por quantos dias forem necessários para eliminar essa ameaça — disse Netanyahu.
Ele afirmou que o principal alvo é a usina de Natanz, considerada "o coração do programa de enriquecimento" de urânio.
— O Irã está se preparando para produzir 10 mil desses mísseis balísticos em três anos. Agora, imagine 10 mil toneladas de TNT caindo sobre um país do tamanho de Nova Jersey. Esta é uma ameaça intolerável — afirmou.
Um oficial do Exército israelense afirmou que o Irã tinha material suficiente para fabricar 15 bombas nucleares em poucos dias, conforme a Reuters.
Conforme a mídia estatal iraniana, no entanto, edifícios residenciais em Teerã também foram atingidos, causando mortes.
O Ministério de Defesa israelense chamou a ação de "ataque preventivo" e reafirmou que o alvo foram instalações militares.
"Dezenas de jatos da IAF (Força Aérea Israelense) completaram o primeiro estágio", afirma o comunicado.
O governo israelense declarou estado de emergência, fechou o espaço aéreo e emitiu um alerta para ações retaliatórias do Irã.
Negociações de limites para programa nuclear
Mais cedo, autoridades israelenses e do governo dos Estados Unidos, de Donald Trump, disseram que Israel estava se preparando para atacar o Irã nos próximos dias se Teerã rejeitasse a proposta dos norte-americanos para impor limites rígidos ao programa nuclear.
Na quinta, no entanto, o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, afirmou que o país não está envolvido nos ataques e que a "principal prioridade" é defender as forças estadunidenses no Oriente Médio.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, convocou reunião do Conselho de Segurança Nacional para esta sexta-feira (13).
Uma autoridade israelense alertou que um ataque poderia ocorrer até domingo (15), a menos que o Irã concordasse em interromper a produção de material que pode ser usado para fabricar bomba atômica.
Na segunda-feira (9), Netanyahu levantou a possibilidade de ataques em uma conversa telefônica com Trump, de acordo com duas autoridades norte-americanas. Logo depois, os EUA começaram a transferir alguns diplomatas e dependentes militares do Oriente Médio.
Resposta do Irã
O Exército israelense afirmou que o Irã lançou quase cem drones contra seu território por volta das 9h desta sexta-feira (horário local, madrugada de sexta no Brasil). De acordo com as autoridades israelenses, seu Exército está tentando interceptá-los, após uma onda de ataques aéreos israelenses contra a República Islâmica, de acordo com a AFP.
"O Irã lançou aproximadamente cem (drones) contra o território israelense, que tentamos interceptar", disse o porta-voz militar Effie Defrin a jornalistas. De acordo com ele, Israel mobilizou 200 aviões de combate para bombardear quase cem alvos em seus ataques contra o Irã.
O Irã afirmou que os ataques israelenses justificam sua necessidade de avançar no enriquecimento de urânio e potencializar suas capacidades de mísseis.
"Não se deve falar com um regime tão predador, exceto com a linguagem da força. O mundo agora entende melhor a insistência do Irã em seu direito de enriquecer (urânio), à tecnologia nuclear e ao poder dos mísseis", afirmou o governo iraniano em um comunicado.
As Forças Armadas do Irã afirmaram que "não terão limites" em sua resposta a Israel após os ataques:
"Agora que o regime terrorista que ocupa Al Quds (Jerusalém) cruzou todas as linhas vermelhas, não há limites na resposta a este crime", afirmou o Estado-Maior do Exército.
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