Depois de mais de um mês foragido, o ex-policial militar Alexandre Camargo Abe, condenado a 18 anos de prisão pela morte do boxeador Tairone Silva, se apresentou às autoridades. Ele está detido no Presídio Policial Militar de Porto Alegre desde o último sábado (7).
Abe foi sentenciado por homicídio duplamente qualificado de Tairone Silva, que tinha 17 anos e era visto como uma promessa do boxe gaúcho. O crime ocorreu em Osório, no Litoral Norte, em 2011, quando Alexandre ainda integrava a Brigada Militar (BM).
Conforme a denúncia do Ministério Público, Alexandre matou o jovem a tiros após confrontá-lo na rua. Após o crime, Abe foi expulso da BM.
Apesar da condenação prever cumprimento de pena em cadeia comum, a defesa de Abe alegou que ele decidiu se apresentar no presídio militar devido ao risco de um ex-brigadiano cumprir pena ao lado de membros de facções criminosas.
Os advogados informaram que haviam solicitado na Justiça a transferência de presídio, mas o pedido não foi julgado enquanto ele estava foragido. A defesa conseguiu, então, um ofício da direção do Presídio Militar de Porto Alegre, que confirmava a possibilidade de receber o ex-brigadiano, alegando que há três casos semelhantes no local.
O advogado de Alexandre Abe, Rodrigo Grecellé, também afirma que está recorrendo da condenação no Superior Tribunal de Justiça.
Por sua vez, o advogado Carlos Lisboa, representante da família de Tairone Silva, manifestou o desejo dos parentes por uma explicação da Brigada Militar sobre o motivo de Abe ter sido recebido no presídio militar sem determinação judicial para tal.
O homicídio
Segundo o Ministério Público, em 11 de março de 2011, o boxeador passava em frente à residência do PM, que morava na mesma rua, quando foi chamado por ele, porém seguiu caminhando. A denúncia do MP diz que Abe "passou a acompanhá-lo, na mesma direção pela calçada, e sacou da cintura uma pistola Taurus". Depois, atirou e atingiu o rapaz duas vezes.
Ainda conforme o MP, o motivo do crime seria a intolerância do réu com um grupo de jovens que se reunia com Tairone nas proximidades de sua casa. À época do julgamento do caso, em 2019, testemunhas alegaram que Abe havia reclamado disso várias vezes. A investigação apurou que o policial já havia proferido ameaças ao adolescente.
Para a promotoria, o assassinato também estava ligado ao "sentimento de inveja e frustração de não impor o bastante sua condição de policial à vítima, que tinha projeção nacional dentro do esporte que praticava". A promotoria também afirmou que "tais sentimentos teriam aflorado com o fato de a vítima não ter atendido seu chamado e, em represália, sentindo-se ultrajado e desprezado, efetuou os disparos fatais, impedindo qualquer espécie de reação".
Mín. 5° Máx. 16°