O papa Leão XIV enfrenta uma grave crise financeira no Vaticano, com déficits crescentes e um fundo de pensão praticamente quebrado. Relatórios internos revelam um rombo de até US$ 1,6 bilhão, agravado por anos de inação, gastos excessivos e escândalos financeiros.
Durante seus últimos dias, o papa Francisco alertou sobre a situação crítica e criou uma comissão para arrecadar doações, mas não conseguiu resolver os principais problemas estruturais das finanças da Santa Sé — a parte administrativa e religiosa do Vaticano, que acumula prejuízos e depende de doações, rendas modestas e imóveis com baixa rentabilidade.
A Cidade do Vaticano, sustentada pelo turismo e venda de souvenires, segue com superávit. Já a Santa Sé, com altos custos operacionais e déficits anuais (US$ 83 milhões em 2023), recorreu até a fundos originalmente destinados à caridade, como o Óbolo de São Pedro.
O fundo de pensão é o maior problema: o rombo quase dobrou entre 2015 e 2016, enquanto custos de saúde cresceram em ritmo insustentável. Tentativas de gerar receita, como o projeto Santa Maria Galeria, foram abandonadas por Francisco, que preferiu usar os terrenos para um parque solar, com retorno financeiro bem menor.
A confiança dos fiéis também foi abalada por escândalos, como o caso do cardeal Becciu, condenado por fraude em um negócio imobiliário que causou prejuízo de US$ 150 milhões à Santa Sé.
Agora, Leão XIV — matemático, experiente gestor e fluente em inglês, espanhol e italiano — terá de restaurar a confiança dos grandes doadores, especialmente dos EUA. Moderadamente conservador, o novo papa mantém posições firmes contra o aborto e evita se posicionar sobre temas polêmicos como uniões homoafetivas, o que pode ajudar a conquistar setores tradicionais da Igreja. Por outro lado, críticas suas às políticas de Trump e Vance podem afastar doadores ligados à ala mais conservadora americana.
O estilo do novo papa remete a Leão XIII, seu homônimo e inspiração, que defendia um capitalismo humanizado: valorização do trabalho, direitos sociais, propriedade privada e limitação do papel do Estado.
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