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Inquérito de morte de menina de 11 anos será concluído com indiciamento dos pais, diz polícia

14/05/2025 às 15h38
Por: Depto de Jornalismo . Fonte: Gaúcha ZH
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Foto: Reprodução
Foto: Reprodução

Mesmo com laudos descartando lesões corporais, a Polícia Civil informou que deve indiciar os pais de Izabelly Brezzolin, 11 anos. A menina morreu no dia 8 de maio após ter sido internada, um dia antes, em São Gabriel, na Fronteira Oeste. O homem, de 55 anos, e a mulher, de 26, estão presos preventivamente. Eles são suspeitos de maus-tratos e estupro de vulnerável.

O inquérito deve ser concluído e remetido ao Poder Judiciário entre sexta-feira (16) e domingo (18). No entanto, os crimes pelos quais eles responderão ainda estão sob análise do delegado Daniel Severo, de São Gabriel.

— Certamente serão indiciados — diz o delegado regional de Bagé, André Mendes.

A defesa da mãe de Izabelly afirmou à reportagem nesta quarta-feira (14) que ainda não teve acesso ao laudo do IGP e que já havia entrado na Justiça com pedido de liberdade logo após a prisão da investigada. Na segunda-feira (12), a defesa já havia se manifestado, em nota, alegando a inocência da investigada (leia a íntegra do comunicado abaixo).

O pai de Izabelly é representado pela Defensoria Pública, que "irá se manifestar somente nos autos do processo".

Laudos não apontaram lesões

Inicialmente, a polícia divulgou que a menina deu entrada no hospital com duas costelas fraturadas, perfuração de pulmão, diversos hematomas e sangramento na vagina. Os pais alegaram que a menina se machucou ao cair da cama, mas a investigação considerou a versão incompatível com a gravidade das lesões.

Contudo, laudos do Instituto-Geral de Perícias (IGP) e da Santa Casa de São Gabriel indicaram que a menina não apresentava marcas de violência quando foi atendida no hospital.

A reportagem teve acesso ao laudo de necropsia, recebido na segunda-feira pelos policiais. Conforme o documento, a morte ocorreu por "complicações sépticas, de pneumonia sem nenhum sinal de trauma por violência sofrida e nenhum sinal de violência sexual". Em nota divulgada à imprensa, o hospital também apontou que não havia marcas de violência no corpo da menina.

Na terça-feira (13), a delegacia de São Gabriel alegou que o diagnóstico da violência nas partes íntimas foi feito em um primeiro momento pela equipe médica, mas acabou sendo descartado. Já a informação da fratura nas costelas ainda não foi esclarecida. Fontes da Polícia Civil dizem que nenhum documento da investigação indicou essa possibilidade.

Apesar disso, a corporação garante que possui elementos, para além dos laudos, que indicam a responsabilidade dos pais. Entre eles está a demora do casal em levar a filha para atendimento médico, apesar de apresentar sintomas graves há três dias, segundo a investigação, o que configuraria maus-tratos. O outro indício são os depoimentos colhidos. A própria mãe disse aos policiais que o pai apresentava comportamentos suspeitos, indicando uma possibilidade de abuso sexual.

Contrapontos

Defesa da mãe da menina:

"A defesa de (nome suprimido pela reportagem), mãe de Isabelly Brezzolin, exercida pela advogada criminalista Rebeca Canabarro (OAB/RS 134.374) e o bacharel em direito Andrei Nobre (OAB/RS53E114), vem, publicamente, manifestar-se a respeito das notícias obtidas exclusivamente pela mídia a respeito do laudo da necropsia do corpo, produzido pelo IGP, o qual aduz que 'a morte ocorreu por complicações sépticas de pneumonia, sem nenhum sinal de trauma por violência sofrida e nenhum sinal de violência sexual'.

Ressaltamos que referido laudo ainda não aportou nos autos do inquérito policial, já tendo a defesa requerido sua remessa para a delegacia de São Gabriel, no dia 12 de maio de 2025. Todavia, até o momento não houve retorno da delegacia. Deste modo, aguardamos acesso ao documento para posicionamento oficial da defesa.

Importante mencionar que, muito embora referido inquérito policial, desde sua origem, tramite sob extremo sigilo no sistema eproc (nível 3), nota-se que a autoridade policial não poupou esforços em comunicar às linhas investigativas e trechos de depoimentos. Consequentemente, gerou-se um fervor popular pela automática condenação e linchamento da investigada. De forma direta, em conjunto com a privação de sua liberdade e pelo iminente risco de sua segurança, a defesa logrou êxito em obter a transferência de casa prisional, sendo esta, a terceira, desde que decretada sua prisão.

Todavia, ressaltamos que, com base nas informações exclusivas obtidas pela mídia, o laudo pericial do IGP reforça o posicionamento inicial da defesa, qual seja: a inocência da investigada, afirmação que ecoa em inúmeros outros elementos informativos produzidos no inquérito policial.

Tendo em vista que (nome da mãe) no momento encontra-se presa preventivamente, pela acusação da suposta prática de abuso sexual e maus tratos, a defesa aguarda a apreciação do pedido de liberdade da investigada, o qual será alvo de parecer do Ministério Público e posteriormente decidido pela magistrada da comarca de São Gabriel."

Defesa do pai da menina:

"A Defensoria Pública do Estado do Rio Grande do Sul foi acionada para atuar na defesa do investigado. A instituição irá se manifestar somente nos autos do processo. Não será concedida nenhuma entrevista, até porque trata-se ainda de uma investigação policial."

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