Envolta de uma estrutura de acrílico, a cruz original da primeira missa católica celebrada no Brasil, em 1500, reuniu fiéis no altar da Catedral Metropolitana de Porto Alegre. A exibição do artefato religioso começou um pouco antes da Celebração da Paixão do Senhor, rito católico realizado tradicionalmente na Sexta-Feira Santa.
A cruz, de cerca de 40 centímetros, representa o início do processo de evangelização do Brasil e é mantida no Tesouro-Museu da Sé de Braga, em Portugal. Ela chegou ao Brasil na terça-feira (15) e faz parte da peregrinação, organizada pelo Instituto Redemptor, que celebra os 525 anos da primeira missa realizada em terra brasileira.
A fila formada por devotos que aguardavam a oportunidade de ver de perto a cruz histórica, feita de ferro fundido, foi interrompida alguns minutos antes das 15h, para dar início à celebração. O ato começou com a entrada do padre Omar Raposo, presidente do Instituto Redemptor, que levava o artefato religioso, junto do arcebispo de Porto Alegre, cardeal dom Jaime Spengler, que comandou a liturgia.
— Ter esta cruz histórica aqui na Catedral, nesta tarde, neste momento celebrativo, nos chama para a responsabilidade no processo de evangelização do nosso Brasil hoje. Os missionários do passado souberam como se adaptar à cultura da época. Hoje nós precisamos encontrar, provavelmente, uma outra linguagem, novos métodos de transmitir o conteúdo — comentou dom Jaime, minutos antes da celebração.
O cardeal também comentou que a liturgia do dia não é uma missa e sim a Celebração da Paixão do Senhor que tem, justamente, a adoração à cruz como uma das suas partes. Durante o rito, após as orações, Spengler fez uma nova entrada, desta vez carregando uma cruz de madeira, pertencente à Catedral, e os fiéis foram em direção ao objeto religioso e o reverenciaram.
Durante o ato de adoração, os devotos também aproveitaram para se aproximar da cruz histórica, que estava localizada no canto esquerdo do altar. Enquanto faziam reverência ao símbolo religioso e pediam por benção, as pessoas também registravam o momento com fotos e selfies junto ao objeto.
Aos 84 anos, Maria Elisabeth Correa foi uma das fiéis a comparecer à celebração para ter a oportunidade de se aproximar e ver de perto a cruz histórica. Durante o momento de reverência, ela fez questão de estender as mãos com as chaves de casa e documento de identidade em direção ao artefato.
— Eu pedi força para enfrentar as coisas — revelou a idosa, que também disse estar encantada com a celebração.
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