Inquérito que investigava vídeo de prefeito de Canoas retirando maço de dinheiro das calças é arquivado

A Polícia Federal (PF) arquivou o inquérito que apurava as circunstâncias do vídeo em que o prefeito de Canoas, Airton Souza (PL), aparece retirando um maço de dinheiro de dentro das calças. Na sequência das imagens, gravadas durante a campanha eleitoral de 2024, o político entrega a quantia para uma pessoa no interior de um veículo. 

O arquivamento foi tornado público nesta segunda-feira (14). No entendimento da PF, não foram encontrados indícios de crime eleitoral.

O advogado Ricardo Breier, que representou Airton na ação, afirmou que o montante de R$ 10 mil era destinado à quitação de um empréstimo pessoal contraído no início do ano e que estava sendo pago em prestações mensais desde março — antes do início do período eleitoral. Em outubro, o político teria decidido liquidar a dívida, segundo a defesa.

"Não tem nada a ver com dinheiro de campanha, não tem nada a ver com política. É uma questão altamente privada, e isso foi comprovado através de depósitos judiciais que nós anexamos", sustentou Breier.

O Ministério Público solicitou a invesitgação e pode concordar com a conclusão da Polícia Federal ou pedir mais diligências. A reportagem entrou em contato com o MP, que não retornou até esta publicação.

O caso

Em 29 de outubro de 2024, o Ministério Público (MP) enviou um ofício à Polícia Federal (PF) solicitando a instauração do inquérito para apurar as circunstâncias do vídeo.

As imagens foram gravadas pela própria pessoa que recebe as notas, sem que o político percebesse. A filmagem foi feita em 18 de outubro do ano passado — entre o 1º e 2º turnos das eleições municipais — a poucos metros do comitê de campanha de Airton.

No vídeo, é possível ver o político com um adesivo com o número 22 colado na camiseta, referência ao partido do qual faz parte. A campanha eleitoral teve início em agosto.

Em novembro, Airton Souza (PL) prestou depoimento à PF, em Porto Alegre. Durante cerca de 30 minutos, o político apresentou a sua versão sobre os fatos e reafirmou que o dinheiro era para "honrar um compromisso pessoal".