Pelo menos 30 pessoas morreram pisoteadas e 90 ficaram feridas em Prayagraj, cidade do norte da Índia onde acontece a peregrinação hindu de Kumbh Mela, que deve atrair um total de 400 milhões de fiéis durante as seis semanas de comemoração. Este grande evento religioso, apresentado como a maior concentração humana do planeta, reúne a cada 12 anos multidões de fiéis hindus que se banham na confluência de dois rios sagrados para limpar seus pecados.
No local da tragédia, entre as roupas, calçados e outros pertences abandonados, integrantes das equipes de emergência passaram horas retirando as vítimas.
A um quilômetro de distância, ao lado de uma enorme tenda utilizada como centro de atendimento de saúde durante o festival, dezenas de parentes aguardavam por notícias das vítimas.
A quarta-feira era um dos dias mais importantes do festival. De acordo com os rituais, homens sagrados com túnicas de cor de açafrão deveriam liderar milhões de pessoas em uma procissão até a confluência dos rios sagrados Ganges e Yamuna. Embora este ritual tenha sido cancelado, milhões de pessoas se banharam nas águas sagradas durante toda a manhã, informou o governo local de Uttar Pradesh.
Segundo a tradição hindu, este banho permite limpar os pecados e liberar a pessoa do ciclo de renascimentos e reencarnações. Segundo relatos ouvidos pela AFP, o incidente ocorreu pouco depois das 2h00 locais (17h30 de terça-feira em Brasília), quando os fiéis se dirigiam para as margens dos rios para o primeiro banho matinal.
"As rotas estavam bloqueadas. De repente, as pessoas começaram a empurrar e muitas foram esmagadas", relatou Malti Pandey, um hinduísta de 42 anos, à AFP. "Quando a multidão se dispersou, os idosos e as mulheres haviam sido pisoteados, ninguém ajudou", disse Renu Devi, de 48 anos.
Após catástrofe, muito peregrinos decidiram abandonar o festival.
Para receber os participantes, as autoridades montaram uma "cidade" de barracas para acolher os visitantes com uma extensão equivalente a dois terços da ilha nova-iorquina de Manhattan. Mais de 40.000 policiais foram mobilizados para garantir a segurança. Porém, o líder da oposição indiana, Rahul Gandhi, atribuiu o acidente "à má gestão e ao tratamento preferencial dado pelas autoridades às personalidades, em vez dos simples fiéis".
Os eventos religiosos deste tipo são cenários regulares de acidentes fatais na Índia, país de maior população do mundo, devido à gestão deficiente de multidões e falta de segurança.
Em julho, mais de 120 pessoas morreram no estado de Uttar Pradesh, onde fica Prayagraj, em um tumulto durante um evento de um famoso pregador hinduísta que reuniu 250 mil seguidores. O próprio festival de Kumbh Mela já registrou outros episódios mortais.
Em 1954, mais de 400 pessoas morreram pisoteadas ou afogadas em apenas um dia. Na última edição em 2013, 36 participantes morreram em um tumulto na estação de Prayagraj.
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