A Operação Gollum, deflagrada pelo Ministério Público no dia 4 de dezembro de 2024, revelou um esquema criminoso envolvendo desvios de recursos públicos destinados ao fornecimento de tratamentos médicos domiciliares solicitados judicialmente, denominado ‘Home Care’.
O esquema afeta diretamente pacientes que, como Fernanda Pereira, mãe de Matteo Henrique, uma criança com síndrome rara, dependem desse atendimento especializado.
Matteo, que completou o seu primeiro ano de vida no dia 3 de janeiro, foi diagnosticado com síndrome epiléptica mioclônica precoce. Seu quadro exige cuidados médicos intensivos, incluindo ventilação mecânica e fisioterapia respiratória constante.
Após um longo período de internação na UTI do Hospital São Vicente de Paulo (HSVP), Matteo finalmente foi liberado para o atendimento domiciliar no dia 17 de setembro de 2024. A família, então, acreditava que o pior havia passado e que finalmente poderia viver em paz, com a criança recebendo os cuidados necessários em casa.
No entanto, o que parecia ser uma esperança de recuperação se transformou em um pesadelo em dezembro de 2024. De acordo com Fernanda, a mãe de Matteo, o atendimento domiciliar foi abruptamente interrompido sem explicação, deixando a família em uma situação desesperadora.
“Começaram a faltar os medicamentos essenciais para controlar as convulsões de Matteo, além dos profissionais de saúde que haviam sido contratados para cuidar dele. Eu não sabia o que fazer, e não tinha ninguém para me ajudar”, relatou Fernanda.
Ela descreve um cenário angustiante, em que o filho, que exige cuidado constante devido à sua condição de saúde grave, ficou sem o suporte médico adequado. A falta de medicamentos e de profissionais qualificados colocou em risco a saúde de Matteo.
“Ele precisa de fisioterapia para manter o pulmão limpo e evitar complicações graves, como uma nova internação hospitalar. Eu tentei buscar ajuda em diversos órgãos, mas até agora não recebemos retorno.”
O esquema investigado na Operação Gollum envolve empresas de “home care” e um escritório de advocacia, que se aproveitavam da vulnerabilidade dos pacientes e de seus responsáveis para desviar recursos públicos e privados destinados ao atendimento domiciliar. Segundo as investigações, as vítimas, como Fernanda e Matteo, são as que mais sofrem com a falta de atendimento e de recursos, tendo suas condições de saúde agravadas.
Sem respostas e sem uma posição definitiva, famílias como a de Fernanda seguem aguardando respostas e soluções para um sistema de saúde cada vez mais sobrecarregado e desamparado.
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