Estiagem causa morte de peixes no noroeste do RS e piscicultores secam açudes para evitar mais prejuízo

Após quase 30 dias sem chuva, açudes estão secando e peixes morrendo por falta de oxigênio em Ijuí, no noroeste do RS. Por causa disso, criadores decidiram adiantar a despesca e estão fazendo a retirada dos animais planejados para vender durante a Semana Santa, para evitar mais perdas. 

No distrito de Santana, no interior do município, foi realizado na manhã desta sexta-feira (17) o abate de 1,7 mil quilos de peixes na unidade de beneficiamento de pescados. 

Os animais vieram da propriedade do Valmir Luis Wirzbicki. Ele antecipou a despesca, que seria feita na Semana Santa, em razão da estiagem. O nível do reservatório diminuiu cerca de 60 centímetros e 20 peixes já morreram na propriedade. 

— Para não perder o peixe, eu antecipei em dois meses a venda, para evitar ter mais prejuízos para frente já que a promessa de chuva não é muito boa para os próximos meses — disse o piscicultor.

O criador também diz que os peixes estariam maiores em condições normais de chuva. A situação se repete em outras propriedades rurais do noroeste gaúcho. Muitos piscicultores já notaram baixa no volume dos açudes, mas ainda estão conseguindo manejar as águas para manter os animais até a Semana Santa.

Sem água para o gado

Outro reflexo da estiagem é a falta de água para o gado beber. Pelo menos 10 produtores rurais já acionaram a Secretaria de Desenvolvimento Rural de Ijuí pedindo auxílio. É que as vertentes não estão mais fornecendo água suficiente e os bebedouros estão secando. 

Na localidade de Linha Dois Oeste, um bebedouro de 1m4cm de profundidade praticamente não tem mais água. O reservatório secou muito rápido e a proprietária, que cria gado de corte, está fornecendo água da própria casa para os animais. 

A pastagem também está secando e a alimentação do gado está sendo intercalada com silagem.

O município está auxiliando as famílias atingidas, conforme o secretário de Desenvolvimento Rural de Ijuí, Emerson André Pereira. 

— Naquelas propriedades que têm vertente, os produtores podem nos procurar para ajudar a proteger esse reservatório e deixar ele mais duradouro. E aquelas que não têm vertente,  temos outro programa para tentar captar água da chuva, quando ela vier — disse o secretário.