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''Provavelmente não sairá da cadeia nesta vida'', diz polícia sobre mulher suspeita de envenenar bolo que matou 3 pessoa - RD Foco

Segundo a Polícia Civil, Deise Moura dos Anjos, que está presa, seria também responsável pela morte do sogro, em setembro do ano passado.

10/01/2025 às 15h19
Por: Depto de Jornalismo Fonte: GZH/Jean Peixoto
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Coletiva apresentando novidades sobre o caso do bolo envenenado foi realizada nesta sexta-feira em Capão da Canoa. Foto: Jonathan Heckler / Agencia RBS
Coletiva apresentando novidades sobre o caso do bolo envenenado foi realizada nesta sexta-feira em Capão da Canoa. Foto: Jonathan Heckler / Agencia RBS

Após a exumação do corpo de Paulo Luiz dos Anjos, que confirmou o envenenamento por arsênio, a investigação da Polícia Civil aponta que   Deise Moura dos Anjos, 42 anos, foi a responsável pela morte de três familiares que comeram um bolo em 23 de dezembro, em Torres, no Litoral Norte, e também do sogro, que morreu em setembro. 

As informações foram divulgadas na manhã desta sexta-feira (10), em coletiva de imprensa, realizada em Capão da Canoa, no Litoral Norte. 

— As provas colhidas até o momento nos convencem de que a suspeita, Deise (Moura dos Anjos), passou a ser considerada autora desses crimes e, provavelmente, não sairá da cadeia nesta vida — disse o subchefe de Polícia, delegado Heraldo Chaves Guerreiro.

Morreram após comerem o bolo em 23 de dezembro Neuza Denize Silva dos Anjos, 65 anos, Maida Berenice Flores da Silva, 59, além de Tatiana Denize Silva dos Anjos, 47, filha de Neuza.

Compra do veneno
A polícia constatou que o veneno usado para cometer os crimes foi comprado pela internet, antes da morte do sogro. 

— Ela pesquisou, comprou, recebeu e usou veneno para matar as vítimas — diz o delegado Cléber Lima, diretor do Departamento de Polícia do Interior.

Segundo a delegada regional, Sabrina Deffente, Deise pesquisou na internet uma receita de veneno que fosse inodora e insípida, que segundo a apuração foi usada primeiramente para a morte do sogro. 

— Há fortes indícios de que ela tenha praticado outros envenenamentos de outras pessoas próxima das família — diz a delegada.

Segundo a polícia, Deise fez quatro compras de veneno num período de cinco meses: uma antes da morte do sogro e outras três depois.

— Ela fez quatro compras em um período de cinco meses desses venenos. Uma delas, não só encontramos a nota fiscal como o código de rastreio. 

"Pessoa extremamente manipuladora"
A delegada diz que toda a apuração foi uma surpresa para a equipe de investigação: 

— Ela é uma pessoa extremamente manipuladora. Extremamente calma, extremamente convincente. Cada revelação foi uma surpresa.

O delegado Marcos Vinicius Veloso, responsável pela investigação, afirma que a polícia tem "provas robustas" de que Deise matou as quatro pessoas envenenadas — além das três que morreram após comer o bolo em dezembro, o sogro também foi envenenado. Além disso, a polícia investiga a participação dela em outras tentativas de envenenamento. 

Segundo o delegado, Deise tentou conseguir a cremação do corpo do sogro, mas precisava da autorização de dois médicos e só tinha de um. 

Uma mensagem, apresentada pelo delegado durante a coletiva, mostra que ela escreveu para uma pessoa próxima o seguinte recado: 

"Quando eu morrer, cuida do meu filho e reza bastante por mim, porque quando eu morrer, provavelmente eu não vá para o paraíso".

Envenenamento do sogro
A operação que investigou as mortes foi intitulada de Aqua Tofana, em alusão a um veneno utilizado no século XVII para envenenar pessoas sem deixar rastros, por ser por ser insípido, inodoro e incolor.

Segundo a diretora-geral do Instituto-Geral de Perícias (IGP), Marguet Inês Hoffmann Mittmann, os exames periciais confirmaram que é "impossível" que a morte do sogro, em setembro, tenha ocorrido de forma acidental.

— Conclui-se que a causa da morte de Paulo dos Anjos foi a contaminação por arsênio consumido de forma oral em algum alimento — diz a perita.

A delegada Sabrina Deffente acrescenta que o envenenamento do sogro se deu por meio de leite em pó e banana que foram levados por Deise para ele dois dias antes de sua morte.

Deise e o marido visitaram Paulo e Zeli em 31 de agosto. Depois de consumir banana e leite em pó, o casal passou mal e foi hospitalizado. Paulo acabou morrendo, com crises de vômito, diarreia e sangramentos estomacais, interpretados na ocasião como sintomas de intoxicação alimentar.

Entenda o caso
Seis pessoas da mesma família passaram mal e precisaram procurar atendimento médico em 23 de dezembro após consumir o bolo, que continha arsênio, conforme análise da perícia da Polícia Civil.

Três delas morreram: Neuza Denize Silva dos Anjos, 65 anos, Maida Berenice Flores da Silva, 59, além de Tatiana Denize Silva dos Anjos, 47 anos, filha de Neuza.

Zeli, responsável por fazer o bolo, foi hospitalizada e deixou a UTI na manhã desta segunda. Zeli recebeu alta hospitalar na manhã desta sexta-feiora (10). Um menino de 10 anos, neto de Neuza e filho de Tatiana, também ficou hospitalizado vários dias, mas já está em casa.

Uma sexta vítima, um homem da família, foi liberado após atendimento médico.

Contraponto
A defesa de Deise afirma que "as declarações divulgadas na coletiva de imprensa ainda não foram judicializadas no procedimento sobre o caso", portanto "aguarda a integralidade dos documentos e provas para análise e manifestação".

Nota da defesa na íntegra

O escritório Cassyus Pontes Advocacia representa a defesa de Deise Moura dos Anjos no inquérito em andamento sobre o fato do Bolo, na Comarca de Torres, tendo sido decretada no domingo a prisão temporária da investigada.

Todavia, até o momento, mesmo com o pedido da Defesa deferido pelo judiciário, ainda não houve o acesso ao inquérito judicial.

A família, desde o início, colabora da investigação, inclusive o com depoimento de Deise em delegacia, anterior ao decreto prisional.

Cumpre salientar, que as prisões temporárias possuem caráter investigativo, de coleta de provas, logo ainda restam diversos questionamentos e respostas em aberto neste caso, os quais não foram definidos ou esclarecidos no inquérito.

GZH

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