Os dois homens indiciados pela morte de um ambulante que reclamou do preço da carne em um açougue de Alvorada, na Região Metropolitana de Porto Alegre, receberam liberdade provisória na última sexta-feira (29). O caso ocorreu no dia 2 de outubro, com o óbito de Wagner de Oliveira Lovato, de 40 anos, sendo confirmado no dia 3.
As defesas pediram a revogação da prisão, e o Ministério Público deu parecer favorável, mediante condições. Segundo o Tribunal de Justiça, o pedido foi atendido, "considerando a ausência de indicativo nos autos de que a liberdade dos investigados afetará a ordem pública", e que os investigados são primários.
O gerente Luciano Monteiro e um amigo, Luciano Ribeiro, foram indiciados por lesão corporal seguida de morte. Ambos estavam presos desde o dia da ocorrência. O advogado de Monteiro, Gilson D'Ávila Machado, disse que seu cliente "já está em casa". O advogado Eduardo Andreis, que representa Ribeiro, considerou que a decisão judicial atendeu "ao pleito da defesa".
O Ministério Público ainda analisa o caso, para então se manifestar sobre o inquérito policial.
De acordo com a Polícia Civil, a causa da morte de Wagner de Oliveira Lovato foi traumatismo cranioencefálico em razão da batida da cabeça da vítima no chão. A vítima deixou esposa e três filhos, entre os quais um bebê.
Nesta terça, um mês após a ocorrência, familiares e amigos de Lovato fizeram uma homenagem ao vendedor ambulante. O grupo exibiu cartazes e depositou flores e velas na calçada onde o homem foi morto.
"A perda já dói muito, a injustiça castiga ainda mais a família. Fazemos uma pergunta, qual é o preço de uma vida?", desabafou a prima, Taiamanda Lovato.
Detalhes
Segundo testemunhas, as agressões teriam iniciado após Wagner de Oliveira Lovato reclamar do preço da carne no estabelecimento. O homem vendia salgados na rua e, após encerrar o trabalho, foi até o açougue. No local, teria feito comentários sobre o preço e deixado o local sem adquirir nada.
Um homem, que não trabalha no açougue, teria começado a agredir Lovato no lado de fora. Ele estaria acompanhado de um gerente do local, que estava de folga.
Conforme o delegado Edimar de Souza, na esfera penal, o estabelecimento não será investigado, por não ter relação com o crime. Na ocasião, o Shopping das Carnes divulgou nota lamentando a morte de Lovato e anunciando o afastamento do funcionário.
Ao indiciar os suspeitos, Edimar de Souza explicou porque não foi configurado crime de homicídio.
"Se trata de lesão corporal seguida de morte onde os agressores tiveram no primeiro momento intenção de agredir, mas que o resultado morte não era um resultado previsto por eles, e acabou sendo uma consequência da agressão. Por isso constatamos que é uma lesão corporal seguida de morte e não um homicídio", disse.
Os suspeitos não possuíam antecedentes criminais. A pena prevista para o crime de lesão corporal seguida de morte é de 4 a 12 anos de reclusão.
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